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Phase II - Washington

Alô, todos, talvez seja uma estranha "marcha para Oeste" esta nossa, uma vez que começamos indo para sul, Philadelphia. E depois, mais sul ainda: Washington. Mas como seria possível deixar a costa Leste sem ver Washington?

Não dá para não comparar Washington a Brasília. O melhor adjetivo para ambas é "monumental", e nunca, NUNCA, visite nenhuma das duas cidades sem protetor solar, especialmente se você for do tipo sardento. Descobri isto do jeito difícil. Washington, então sem este nome, foi planejada logo ao fim da revolução Americana, por Pierre L'Enfant, (acho!), para ser a capital federal do novo país. Tem avenidas diagonais com os nomes das 13 colônias e um xadrez de ruas com letras e números. No centro, há o Mall, um longo retângulo que começa no Capitol, é cercado por todos os museus do Smithsonian, prédios federais, passa pela casa branca, pelo obelisco e termina no memorial de Lincoln. Vocês sabem, aquela enorme estátua que vela sobre Washington, que o James Stewart vai visitar em "Mr. Smith goes to Washington", do Frank Capra. O monumento de Lincoln está eqüidistante de três paradas de metrô, portanto, longe de tudo.

Chegamos em Washington domingo à tarde, ainda tentando digerir um péssimo McDonald que nos atacou na estrada de Philadelphia a Washington (procurem no mapa, pegamos a Interstate 95). Achamos um motel mais ou menos econômico na route 50 para entrar em Washington (se transforma na Av. New York). Lição numero 1: não acredite em tudo que dizem os cupons promocionais de motéis; lição número dois: a Av. New York de Washington não é um lugar para andar sozinho a noite. Na verdade é bem parecido com as piores partes de Newark: casas quebradas, lixo por toda a parte, grades para quem pode. Totalmente diferente de Av. Connecticut, por onde saímos de Washington. Alí estamos "talking business". As casas são lindas, com enormes jardins, vida ativa e carros de vitrine de distribuidor de automóveis.

Mas domingo à tarde a cidade estava vazia, com exceção dos turistas. Imaginem Brasília, Praça dos Três Poderes no domingo. Mesma coisa. Estacionamos próximo a umas cinco quadras (grandes) do Mall e perguntamos a cinco pessoas se era permitido estacionar ali. Nenhuma das cinco era de Washington. O caso é que as placas de "proibido estacionar" são tão complicadas que se fica sempre em dúvida: de segunda a sexta das 7:30 às 9:00 e das 16:30 às 19:30 é proibido; nas outras horas é possível por duas horas, com o parquímetro, exceto segunda e quintas, quando a rua é limpa, e alguns sábados, quando há manifestações populares. Quando você termina de ler todos as indicações, está mais perdido do que quando começou. Afinal o carro ficou ali e passamos em frente a Casa Branca (em obras e sem tour interno no domingo e segunda. Azar), chegamos perto do Obelisco e começamos a caminhar para o Capitol com o firme objetivo de ver o pôr-do-sol do Capitol. Eu caminhava linda, lépida e faceira. Roberto arrastava quilos de máquina fotográfica. Quando ele viu, já arquejante perto do Capitol, que o pôr-do-sol ia ficar escondido pelas árvores, quase desabou, após uma hora de caminhada (acreditem, aquele Mall é enorme!). A esta altura do campeonato já estávamos famintos e o único sinal de vida naquela parte de Washington era... um McDonalds. Eu defendi a proposta de jejum. Por puro milagre achamos um "nativo" que nos indicou Georgetown, uma área perto da universidade com barzinhos, música, etc.. Achamos uma pizzaria fabulosa "Il Radicchio", a melhor pizza dos EUA até agora, mas que custava seu peso em ouro. Aliás, além de tudo ser caro em Washington, as taxas estaduais vão de 10 a 13%, contra 3 a 8.5% em NY.

O dia seguinte começamos às dez e fomos para o Arlington Cemetry, onde estão enterrados soldados americanos da Guerra Civil, Primeira e Segunda Guerras Mundiais, Korea e Vietnam, e agora Guerra do Golfo. No topo pode-se visitar a casa do General Lee, toda mobiliada como no tempo da guerra civil e de onde se tem uma vista fantástica do Rio Potomac. As tumbas, todas iguais e alinhadas, são impressionantes. O monumento a JFK também. Mas caminhar ao sol do meio dia por aquele cemitério sem protetor solar é suicídio: não tem uma sombra nas trilhas. Aí por 12:30 eu já estava mal-passada, quase ao ponto. Tínhamos pensado em atravessar o Potomac a pé, na ponte que separa o cemitério do memorial a Lincoln, mas a temperatura era próxima a 38 graus--úmido e abafado. Decidimos por um ponto turístico com ar condicionado (os Museus Smithsonian) e que deixaríamos o Lincoln para de tardezinha.

Agora, parênteses, há um simpático ônibus que circula em toda a Washington parando em todos os pontos de interesse. Nós pegamos este ônibus? Não! Decidimos pelo metrô, que é perfeitamente inútil, se você quer ficar no centro da cidade. O metrô é muito usado por gente que vem do subúrbio para a downtown, mas para turistas é besteira. Portanto para qualquer lugar que quiséssemos ir, o metrô só nos deixava 'mais ou menos perto", e o resto era bater perna. No sol. Enquanto víamos os alegres turistas no tal ônibus chegarem frescos e formosos.

Os Museus Smithsonian são um negócio. São cerca de 11 museus, grátis, sobre tudo o que se pode imaginar: arte, tecnologia espacial, história natural, história americana, arte clássica, botânica. Fomos primeiro ao Museu de História Natural, que é impressionante, mas eu gostei mais do de NYC. E depois o museu de História Americana, com uma exposição especial sobre fotografia e jazz, que bastou para fazer Roberto parar de reclamar das caminhadas. Algumas mostras (sobre a história da imprensa, o pêndulo de Foucault) eram maravilhosas. Mas confesso que o ar condicionado era a maior atração.

Aí pelas 4:30 nos arriscamos uma outra vez no sol. Longa caminhada até o Lincoln Memorial e o monumento aos mortos no Vietnam, um longo muro negro com os nomes dos soldados caídos em baixo relevo. Quem quer que tenha bolado estes dois memoriais sabia exatamente como mexer no imaginário popular. Lincoln parece sempre olhar para o turista, a cidade, com um meio sorriso sábio que diz "eu sei". Lembra aquele olho que havia nas escolas antigamente, "Deus te vê". Em Washington, acho que é Lincoln que tudo vê. A estátua é enorme, mas não é a beleza que impressiona. Quando se vê o Davi em Florença, não dá para não pensar em um conceito de beleza absoluta, no Renascimento, e em Michelangelo. A estátua de Lincoln é puro sentido político. Não é bela, não é arte. É impressionantemente forte e cheia de sentidos.

Já eram quase 6 horas, pegamos o carro e começamos nossa viagem para Pittsburgh. Paramos em um daqueles motéis familiares (sem Norman Bates). Os primeiros personagens típicos dos States começam a aparecer: uma família que mora no motel há anos, com gato e cachorro. Caminhoneiros cheios de tatuagem. Abundantes senhoras que chamam todos de "honey." Adeus cidades sofisticadas do Leste. We are going West!

Aguardem fase três: Pittsburgh.

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